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Salvem os professores
   
     
 


02/06/2021

Salvem os professores
Artigo de Maria Inês Vasconcelos, advogada trabalhista, palestrante, pesquisadora e escritora

A sala de aula da contemporânea idade revela que os professores estão no laboratório. Ministrar aulas on-line se tornou um negócio de risco, já que o conteúdo fica gravado e pode ser visto diversas vezes, e inclusive até comercializado. A aula é um ativo de enorme valor. Por isso, a sua comercialização transcende do campo jurídico trabalhista, passa pelos direitos da personalidade, exigindo análises intrincadas.

Hoje, a sala de aula, sem sombra de dúvida, é um local de risco. As alternativas tecnológicas causam uma opressão absurdas sobre o professor e ainda falta mentoria digital, de infraestrutura juntamente com as diferenças sociais no acesso à tecnologia e dificuldades com a aula remota.

Esse é o palco do trabalho do docente. Neste lugar, conflito os direitos da personalidade, a ponto de a liberdade de cátedra ficar comprometida. O trabalho, que pela Constituição Brasileira deveria ser prestado de forma livre, humanizada, é invasão das esferas psicológicas e está transmutado para uma verdadeira cadeia.

Temendo o desgaste de sua identidade, seja no campo profissional, seja outras esferas, o professor hoje trabalha com medo. A sala de aula é uma arma apontada para cabeça, haja vista que os desvios na utilização da tecnologia, em tese emancipadora, etiquetaram a pior forma de alienação sobre professor. O medo de falar, o medo de transferir conhecimento e ser julgado pelas próprias ideias, o medo de ser o que se é.

Basta que o aluno dê um clique e encaminhe para o grupo infinito de pessoas um WhatsApp, que o professor pode ser crucificado por suas ideias. Avanços na legislação, como a lei Grau de proteção de dados, instituiu o conceito de cidadania digital e disciplina à proteção de dados pessoais, bem como em violabilidade da intimidade, da honra e da imagem. Mas a lei ainda engatinha em tentar solucionar conflitos de ordem trabalhista. Ela é completamente claudicante.

O teletrabalho não está regulado, e o movimento sindical consegue acudir o que de fato acontece com professor. Ele trabalha muito mais do que antes, sem qualquer tipo de blindagem, estando completamente vulnerável e doente. Aliás nesse aspecto o número de afastamentos em razão de depressão, síndrome do pânico e Burnout são impressionantes.

Transformado em laboratório, a sala de aula é uma verdadeira guilhotina. O medo domina a agenda. E ainda que a tecnologia seja ressurreição do mundo pós pandemia, o professor não pode pagar sozinho esta conta. Fica aí o recado: professores, a doença é um sinal de que a sociedade caminha em sentido contrário, e que o estado democrático, na realidade está afundado. Uma democracia se faz de muitas formas, mas sobretudo com a valorização daquela classe que irá não só educar, mas formar os nossos futuros líderes públicos.

A continuar desta forma, olharemos com tristeza para o futuro, não teremos artistas, escritores e juízes, pois não teremos quem os eduque.

Fonte: rose@navescoelhocomunicacao.com.br
Autor: A autora
Revisão e edição: de responsabilidade da fonte

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