O consumidor deve se deparar com condições piores de crédito no início de 2011, mesmo com o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central decidindo manter a taxa básica de juro, a Selic, inalterada em 10,75% ao ano na última reunião de 2010, que terminou nesta quarta-feira (8).
Isso porque o Banco Central anunciou na última sexta-feira (3) algumas medidas que devem ter impacto no montante emprestado pelos bancos.
Entre elas, está o aumento dos depósitos compulsórios, do limite de garantia dos depósitos e créditos protegidos pelo FGC (Fundo Garantidor de Créditos) e do requerimento de capital das instituições financeiras para a entrada em financiamentos para as pessoas físicas, devido ao aumento do FPR (Fator de Ponderação de Risco) de 100% para 150%.
Antes e depois
“Havia um cenário antes de 3 de dezembro de que a taxa de juros iria cair e o prazo iria subir, pelas condições boas da economia”, disse o vice-presidente da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade), Miguel de Oliveira.
Ele completou: “Mediante este novo quadro, a tendência é de mais rigor na concessão, aumento na taxa de juros e redução nos prazos. Na venda de automóveis, ainda terá exigência de entrada, o que não era pedido pelos bancos”.
Necessidade
De acordo com Oliveira, o argumento usado pelo Banco Central de controle da inadimplência, para tomar as medidas, não é válido, uma vez que as taxas de atraso estão menores do que há um ano. “É mais uma medida para conter o consumo e a inflação”, ponderou.
Dados da Nota de Política Monetária mostram que a inadimplência dos consumidores se manteve em 6% em outubro – mesmo percentual verificado em setembro e o menor desde maio de 2005, quando a taxa era de 5,9%.
Em outubro, as dívidas vencidas de 15 a 90 dias representaram 5,5% das operações, índice 0,2 ponto percentual menor que o registrado um mês antes. Frente a outubro de 2009, o recuo na inadimplência foi de 2,1 pontos percentuais. E a taxa referente às dívidas vencidas ficou 0,7 ponto percentual menor.
Curto e longo prazo
O vice-presidente da Anefac disse que no curto prazo a situação do crédito piora e, se depois disso, a inflação mostrar melhora, pode ser que o Banco Central relaxe as regras que foram impostas.
De qualquer forma, Oliveira acredita que, até mesmo na primeira reunião de 2011, o Copom deve manter a Selic inalterada. Desta forma, o consumidor iniciará 2011 com “aperto no crédito”.