São atos médicos exclusivos a indicação, a adaptação e o acompanhamento do uso de lentes de contato. A determinação é do Conselho Federal de Medicina (CFM) e foi publicada no Diário Oficial da União do último dia 2 de março, na resolução nº. 1.965, de 10/2/2011.

 

Segundo essa resolução, a partir de agora, cabe ao médico determinar as características das lentes (material, modelo, desenho e demais parâmetros técnicos) a serem utilizadas em cada caso. "Com vistas à segurança do procedimento, a indicação e processo de adaptação devem ser feitas pelo mesmo médico, sendo atos intransferíveis e não compartilhados", registra o documento.

 

Para o oftalmologista do Hospital Oftalmológico de Brasília (HOB), Eduardo Rocha, a medida garante mais segurança aos pacientes que precisam utilizar lentes de contato. "O médico é o profissional mais habilitado para prescrever, indicar e acompanhar a adaptação das lentes uma vez que conhece bem a estrutura ocular, o funcionamento e a reação do corpo em relação à lente", argumenta.  

 

Riscos - A resolução do Conselho define que as lentes são órteses oculares que estão em íntimo contato com a córnea e outras estruturas oculares e são passíveis de contaminação por agentes agressivos ao olho, como depósitos de lipídios e de proteínas acumulados durante o uso. Ainda segundo o documento, colônias de microrganismos oriundos do meio ambiente e as próprias substâncias empregadas em sua limpeza e o contato do olho com esses agentes pode levar a reações alérgicas, tóxicas e infecciosas com consequências potencialmente graves.

 

O médico do HOB conta que não são raros os casos em que pacientes procuram consultórios oftalmológicos em busca de atendimentos de urgência médica, com problemas oculares graves ocasionados por mau uso da lente de contato. "Um paciente sem orientação ou que utiliza a lente de contato sem o acompanhamento médico fica exposto a produtos de má qualidade, ao uso inadequado das lentes e pode sofrer com a dificuldade de adaptação por questões relacionadas ao próprio organismo, sem mesmo ter noção disso. Um dano causado à córnea causado por mau uso da lente de contato, sem o tratamento adequado, pode levar até à cegueira", alerta.

 

Processo - A partir da publicação da resolução no Diário Oficial, a prescrição e a adaptação de lentes de contatos deverão a seguir uma rotina. A consulta médica marca o início do processo ao qual é dado pross eguimento por meio da realização de Exames complementares. A seguir, está a avaliação clínica da escolha das lentes, os procedimentos de adaptação e o controle médico periódico.

 

Cuidados - Eduardo Rocha ressalta alguns cuidados são recomendados ao usuário de lentes de contato para garantir a saúde ocular. Entre eles estão:

 

- Lavar as mãos com sabão antes de manusear as lentes;

 

- Higienizar as lentes seguindo método orientado pelo médico;

 

- Usar a lente pelo tempo indicado pelo oftalmologista;

 

- Fazer exames oftalmológicos periodicamente (6 em 6 meses);

 

- Qualquer sintoma fora do padrão, interromper o uso das lentes e buscar orientação de um especialista;

 

- Trocar os estojos das lentes a cada compra de produto de limpeza;

 

- Manter as unhas curtas e higienizadas;

 

- Nunca lavar as lentes na água (corrente ou mineral) nem com soro fisiológico;

 

- Não emprestar ou pegar emprestado lentes de contato alheias;

 

- Evitar piscinas e praias enquanto estiver usando as lentes;

 

- Usar produtos de higienização es pecíficos para cada tipo de lente.