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Francisco Norberto dos Reis, presidente da Alampyme
   
     
 


18/04/2011

Francisco Norberto dos Reis, presidente da Alampyme
Falta uma discussão séria sobre o papel das PMEs na América Latina

 
O empresário argentino Francisco Norberto Dos Reis, presidente da Alampyme-Associação Latinoamericana de Micros, Pequenos e Médios Empresários (Alampyme, sigla em espanhol), principal entidade de defesa das micro e pequenas empresas latino-americanas, analisa a situação das organizações de menor porte e os caminhos para ampliação do seu peso político.

– Qual é o grau de desenvolvimento atual das micro, pequenas e médias empresas (PMEs) na América Latina? Existe grande heterogeneidade?

Francisco Norberto Dos Reis – A heterogeneidade é enorme. Exatamente por isso, quando falamos de uma integração regional, tanto no Mercosul quanto considerando todo o continente latino-americano, acreditamos que as micro, pequenas e médias empresas devem, em algum momento, constituir um espaço visível aos olhos da política da região, para que sejamos incluídos nas agendas em discussão.

 – No Brasil, as micro e pequenas empresas representam 99% do universo de 5,8 milhões de pessoas jurídicas. Respondem também por 52,6% dos empregos e 20% do Produto Interno Bruto (PIB). Por que, a seu ver, estas empresas têm participação relativa tão pequena no PIB?

Dos Reis – Na Argentina, essas organizações constituem mais de 40% do PIB e empregam 70% da força de trabalho do país. Isso não é linear quando comparado ao uso de mão de obra e custos salariais das grandes empresas, pois esses custos têm pesos significativos para as organizações de menor porte. Esse é um problema que atinge todas as micro, pequenas e médias empresas da América Latina. O que quero dizer é que, para uma empresa com capital intensivo, de grande porte, o custo de mão de obra é muito baixo e, portanto, de menor incidência na formação de custos.

Quando se fala da influência das pequenas empresas na formação do PIB, em cada país, se trata de uma interrogação que deveria ser discutida por todos os envolvidos, o que inclui o governo.

– As empresas de pequeno porte necessitam de tratamento especial para preservar seus respectivos mercados e para acessar os de outros países?

Dos Reis – A discussão sobre a segmentação e o protagonismo dessas empresas tem que estar na agenda das organizações empresariais. Em primeiro lugar, para que passem a ser vistas e consideradas aos olhos das políticas públicas. Também precisam dessa ação para que tenham um assento nas mesas de discussões, para tentar fazer com que os processos de globalização as considerem como um fator dinâmico na capacidade de geração de emprego e riqueza dos países.

 – Quais as principais deficiências das micro e pequenas empresas da América Latina? E quais os maiores méritos?

Dos Reis – As principais deficiências são os problemas de gestão. Por isso, criamos, na Alampyme, um departamento de assistência que é muito abrangente e ajuda a melhorar a gestão dos empresários. Cerca de 97% dessas empresas têm problemas de gestão. Ao mesmo tempo, os maiores méritos dessas empresas – apesar da dificuldade de sobreviver a crises – estão na maior quantidade de postos de trabalho gerados, na capacidade de serem muito criativas e na realização de reformas. Temos acompanhado mudanças em processos tecnológicos que ocorrem em pequenas empresas, principalmente, em países de tecnologia mais avançada. Essas contribuições são, muitas vezes, depois transferidas para as empresas maiores.

 – Como a Alampyme tem trabalhado para auxiliar no desenvolvimento das PMEs?

Dos Reis – A Alampyme trabalha para o desenvolvimento das micro, pequenas e médias empresas e busca a integração e a realização de políticas conjuntas com os legisladores de cada um dos países. Embora tenha certas dificuldades por conta da diversidade, tentamos coordenar ações comuns. Estamos buscando estabelecer relações com muitas organizações e criar uma rede de negócios capaz de interagir com todo o mercado latino-americano. Cabe destacar que, em 2009, foi realizado um fórum em Buenos Aires, organizado pela Alampyme, que contou com representantes de empresas de menor porte de 13 países da América Latina e Caribe, entre os quais estiveram o Brasil e o Uruguai.

 

– A ação da Alampyme se desenvolve de forma integrada em todo o continente ou analisa especificamente o estágio de desenvolvimento das empresas em seus respectivos países?

Dos Reis – Tentamos fazer com que os problemas das pequenas empresas, em seus respectivos países, se resolvam através da legislação, pela dinâmica particular de cada governo. Mas estamos analisando os projetos de sucesso que alguns países têm em alguns temas como impostos e relacionamento com o mercado. Buscamos uma interação entre as nações e as experiências que nos permitam melhorar as condições internas dos países. Um tema de destaque é a implementação das moedas nacionais do Brasil e da Argentina, para substituir o dólar. Portanto, devemos dar sustentação ao projeto do “Sucre”, com o objetivo de criar uma moeda alternativa. Estamos trabalhando lado a lado com o responsável pelo projeto no Banco do Sul (Banco del Sur), Pedro Páez Pérez.

 – No Brasil, especialistas dizem que um traço cultural das micro e pequenas empresas é o baixo nível de cooperação e, portanto, essas empresas têm dificuldades para ganhar escala para exportação. Existem casos similares na América Latina?

Dos Reis – Em toda parte e, muito particularmente, na Argentina. É bem difícil a união das empresas, por exemplo, para a formação de joint ventures. Esse é um problema cultural, uma particularidade do país. É difícil que nossos empresários queiram se articular com outros.

 – Como outros países têm enfrentado esse problema? Ou, de maneira mais localizada, Brasil e Argentina deveriam superar essa adversidade?

Dos Reis – Brasil e Argentina deveriam tratar essa questão como um assunto de Estado, porque a Alampyme tem buscado que, tanto as organizações empresariais como os governos, se envolvam com o setor de micro, pequenas e médias empresas. Todos deveriam se envolver, especialmente os integrantes do Mercosul, tendo em conta que essa é uma realidade que, até o momento, não tem sido contemplada nas discussões do bloco.

 – As linhas de crédito e condições de pagamento oferecidas pelas organizações multilaterais, como Banco Mundial (Bird) e Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), para as micro e pequenas empresas, são adequadas?

Dos Reis – Não. A estrutura de custos gerada pela burocracia interna impede o acesso ao crédito. Deveria ser menos técnica e mais operacional para que os empresários pudessem obter acesso.

 – O governo brasileiro, da presidente Dilma Rousseff, anunciou que criará o Ministério da Micro e Pequena Empresa. Como a Alampyme recebeu essa informação?

Dos Reis – Saudamos o governo brasileiro por pretender criar um ministério voltado para as empresas de pequeno porte, algo que deveria ser um exemplo para toda a América Latina. Para a Alampyme, esse ministério vai desempenhar um grande papel e atender uma demanda histórica da nossa organização.

Crédito das fotos: Divulgação Alampyme

Fonte: Imprensa
Autor: André Aron
Revisão e edição: de responsabilidade da fonte

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