TV CONSUMIDOR Masper TV ONLINE TOP Consumidor NOTÍCIAS RECOMENDAMOS QUEM SOMOS CONTATO  
Sebastião de Almeida Júnior – consultor na área de desenvolvimento gerencial e organizacional
   
     
 


02/10/2009

Sebastião de Almeida Júnior – consultor na área de desenvolvimento gerencial e organizacional
Comemoração ou Lamento?

Este ano de 2009 está recheado de comemorações. Uma delas lembrou Woodstock e todo o deslumbramento da juventude durante o mês de agosto de 1969, com sexo, drogas e rock & roll. Quarenta anos se passaram e muitos dos jovens daquele festival estão por aí para falar a respeito de todo o "desbunde" que foi dançar pelado ao som das verdadeiras "feras" da época. Um verdadeiro espanto que nunca mais se repetiu, apesar das tentativas como as de "Rock in Rio" durante o verão de 1985.

Há os lamentos também. No mês de setembro de 1939 tinha início a Segunda Guerra Mundial a partir da invasão da Polônia pelas forças da Alemanha. Já se passaram setenta anos e, apesar de esta ter se encerrado em 1945, os artigos, livros e filmes repletos de suásticas mantiveram as atrocidades na memória de muitos. Existem ainda os que destacam o valor desta guerra para imprimir uma velocidade maior para o desenvolvimento de tecnologias como as de transporte, comunicação, computação e automatização. De qualquer forma, mais uma vez, fica clara a memória e o motivo dela ter se mantido. Só fica cada vez mais complicado encontrar participantes desta guerra para reapresentar seus testemunhos, seus relatos e suas feridas. Alguns podem até ousar dizer que não houve um genocídio promovido por americanos, alemães, ingleses, italianos, espanhóis, japoneses, chineses e brasileiros sem sofrer retaliação imediata de algum dos presentes, apesar da farta documentação.

E quanto ao ano de 2010? O que haverá para se comemorar e lamentar? Pelo menos duas festas devem acontecer. A "festa da democracia" através das eleições para governadores, deputados, senadores e presidente da República já está sendo preparada. Os festejos da Copa do Mundo de futebol também ocuparão espaço razoável da agenda, principalmente durante o mês de julho. Neste caso, pode-se celebrar mais uma conquista do campeonato ou lamentar o fato de não conseguir tal intento. Tanto faz, pois sempre sobra a consolação de afirmar: "o importante é competir".

E quanto à participação dos trabalhadores nos resultados das empresas, o que deve prevalecer: comemoração ou lamento? Isto mesmo, em dezembro de 2000 foi promulgada a lei número 10.101 depois de mais de três anos de debates e várias revisões no texto da medida provisória original que permite o pagamento de valores semestrais aos empregados, sem que haja incidência de encargos sociais sobre estas, nem riscos de incorporação ao salário. Uma demonstração clara (para a época) de que havia vida inteligente em Brasília. Este seria um bom motivo para comemorar, mas em se tratando de legislação brasileira, é preciso ter cautela. É que, por aqui, há leis que pegam e outras que não pegam. Há que se contar, ainda, com a interferência de uma tal "esperteza" dos oportunistas de plantão. Daqueles que se utilizam de qualquer novidade para aparecer ou levar vantagem de imediato.

Em função disto, duas iniciativas ganharam destaque: De um lado, empresas se apresentaram como "pioneiras", proporcionando aos seus "colaboradores" a chance de alcançar uma remuneração extra e extremamente significativa. O difícil era chegar lá ou, antes disto, entender as bases e as regras do jogo. Havia, por exemplo, quem falasse em "participação nos lucros", mas não abria para o "corpo de colaboradores" o acesso aos dados. Neste caso, era uma questão de fé: todos deveriam ter fé de que um determinado diretor ou gerente iria dizer a verdade, enquanto se mantinham nas trevas da ignorância com relação aos números. Em outros casos, havia acesso aos dados, mas as metas excediam os limites do tão decantado "desafio" a que tantos se referem sem conseguir explicar como são constituídos. Em ambos a frustração foi tamanha que gerou desistências e desinteresses.

Houve também sindicatos (tanto de empregados como de empregadores) que se apressaram a transformar tudo numa espécie de "cala boca". Um dinheiro que o pessoal recebe para dizer que a empresa onde trabalha tem o Programa de Participação nos Resultados (PPR, como ficou conhecido em alguns lugares) e não questionar os meios nem os fins.

Enquanto o dinheiro extra era novidade, houve algum motivo para comemoração. Mas, depois de algum tempo, transformou-se simplesmente em mais uma obrigação da empresa e pronto. Ou seja, todos aqueles que buscaram o benefício restrito e imediato, baseando-se na lei do mínimo esforço, promoveram a miopia e se transformaram em vítimas da memória curta. Ninguém vai se lembrar destes oportunistas e de mais este oportunismo. Ou seja, ninguém comemorará e talvez alguns lamentem o fato de uma oportunidade ter sido desperdiçada.

Há, no entanto, casos de empresários, executivos e profissionais dedicados. São raros, mas existem. Estes continuam utilizando as oportunidades abertas por esta lei para que os representantes dos investidores e os representantes dos trabalhadores aprendam a lidar juntos com uma série de problemas e conflitos próprios do negócio. Estes sabem que a manutenção da qualidade dos canais de negociação entre as partes é um dos maiores patrimônios da empresa e que as partes podem desenvolver juntas melhores formas de convivência. Desta forma, aprendem juntos a tratar principalmente com os dados relativos a produtividade e qualidade, aspectos essenciais não só para as empresas, mas para este País que, apesar de todos os discursos do atual Presidente da República e dos vinte e cinco anos de ditadura militar, uns e outros recheados de promessas de crescimento e melhoria da infra-estrutura, não ultrapassa a faixa de um por cento na participação do comércio internacional.

Estes poucos que estão “aprendendo a aprender” promovem não só a tecnologia e o entendimento. Promovem a esperança sem investir na ilusão e no engano. E estes, têm vários motivos para comemorar não só os resultados que alcançam, mas a forma como o fazem. Quanto aos outros, quem sabe um dia a vergonha os leve a abandonar o improviso. Enquanto isto não acontece, só resta lamentar.

Fonte: Oliva Comunicação
Autor: Sebastião de Almeida Júnior
Revisão e edição: Jaqueline Crestani

Imprimir Enviar link

   
     
 
Comentários
 0 comentários


   
       
     


     
   
     
   
     
 


























 
     
   
     
 
 
 
     
 
 
     
     
 
 
       

+55 (51) 2160-6581 e 99997-3535
appel@consumidorrs.com.br