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Lentes cosméticas
   
     
 


20/01/2010

Lentes cosméticas
Quando mudar a cor dos olhos tem fins terapêuticos

Tentativas de mudar a coloração genética dos olhos sempre existiram: Italianas de olhos claros que os tornavam escuros, instilando nos olhos extrato de Beladona (atropina). Há também truques e possibilidades computadorizadas oferecidas pelo Photoshop. Isto, sem falar nas lentes cosméticas, que se tornaram uma febre mundial.

As primeiras lentes que alteravam a cor da íris surgiram em meados da década de 80. Eram de coloração levemente azulada, com o objetivo de facilitar a colocação e a remoção do artefato. Alguns anos mais tarde, apareceram as lentes cosméticas propriamente ditas, fabricadas com a intenção de mudar a coloração da íris. Algumas eram translúcidas e o efeito no visual dependia da interação da cor da lente com a cor da íris. Outras eram opacas e permitiam que usuários com íris escuras pudessem aparentar ter olhos claros. Feitas de material hidrofílico, estas lentes gelatinosas foram responsáveis por criar visuais irreverentes, como imitações dos olhos dos felinos e de criaturas demoníacas.

“Há alguns anos, o uso das lentes coloridas passou a fazer parte de certos rituais de moda. Este emprego estético, ligado à displicência juvenil, ajudou a difundir a idéia equivocada de que sua adaptação não demandava cuidados, tal qual 'uma lente de contato de verdade' ”, observa o oftalmologista Virgilio Centurion, diretor do Instituto de Moléstias Oculares (IMO).

A comercialização inadequada das lentes cosméticas (inclusive pela Internet), sem as devidas orientações sobre limpeza, conservação e tempo de uso associada à disseminação das lentes cosméticas são os principais fatores que geram as queixas em relação ao uso das lentes de contato. Nos Estados Unidos, o Food and Drug Administration (FDA) chegou a emitir um comunicado, alertando os consumidores sobre os riscos do uso das lentes de contato cosméticas sem acompanhamento especializado. No mesmo documento, solicitou às autoridades estaduais que colocassem empecilhos à sua comercialização e às autoridades alfandegárias que controlassem de alguma forma a importação deste produto.

No Brasil, o número de usuários – constantes ou esporádicos – dessas lentes com o propósito único de mudar a cor dos olhos vem aumentando. Consultórios e clínicas registram um aumento de casos de problemas de saúde ocular ligados ao uso indevido destas lentes, muito populares entre meninas adolescentes, com visão normal, que querem ter olhos azuis ou verdes. “Como de um modo geral, estas lentes são adquiridas sem controle médico, seu uso pode acarretar problemas sérios para a saúde ocular. Entre as adolescentes é comum o compartilhamento das lentes cosméticas e o uso por tempo muito prolongado das lentes, condutas inapropriadas, que devem ser desestimuladas. A lente de contato é um objeto de uso mais pessoal do que um pente ou uma escova de dente”, alerta Centurion.

Mais do que modismo

Mesmo em meio a tantos modismos, é importante destacar que as lentes de contato cosméticas têm muitas outras aplicações mais relevantes do que a troca da coloração da íris. “A utilização da palavra ‘cosmética’ associada às lentes de contato gera ambigüidade por não prever a função essencialmente médica ou terapêutica desse recurso. Na verdade, o aspecto estético dessas lentes, quando aplicadas para alteração da cor da íris, é residual, quando comparado à sua função reparadora”, defende a oftalmologista Fernanda Takay, que também integra o corpo clínico do IMO.

“Falando de aplicações clínicas das chamadas lentes de contato cosméticas, devemos considerar que as lentes transparentes com pupila negra são usadas como alternativa para suspensão provisória da visão de um dos olhos. Nos casos de ambliopia em crianças é fundamental fazer a oclusão de um dos olhos. Algumas vezes, elas não aceitam bem o oclusor na lente dos óculos ou na pele. E a lente de contato se torna a alternativa para a realização da oclusão, uma vez que dificilmente será retirada pela criança”, diz Fernanda Takay.

Há também casos de diplopia (visão dupla) temporária, extremamente incômodos. “Nesses casos, é necessário interromper a visão de um dos olhos por um certo período, o que pode ser feito com o uso de lentes transparentes com pupila negra. Tão logo haja recuperação, o tratamento é suspenso”, explica a oftalmologista do IMO.

Já as lentes coloridas com pupila negra são usadas clinicamente em olhos cegos, em pacientes que sofreram traumas importantes dos olhos ou doenças que provocaram a formação de cicatrizes que deformam sua fisionomia. Na maioria das vezes, são adolescentes que tiveram perfuração do olho por acidentes com objetos pontiagudos. Outras vezes, são conseqüências de acidentes automobilísticos ou queimaduras. “A pessoa fica com um olho normal e outro com cor ‘brancacenta’, modificando sua aparência. Tais indivíduos podem apresentar complexo, revolta, introversão, ausência de vida social e afetiva. Adaptada a lente cosmética, recupera-se a estética dos olhos e a auto-estima deste paciente”, conta Takay.

Adaptação de lentes cosméticas

Na adaptação das lentes cosméticas também é obrigatório o exame oftalmológico. O sucesso na adaptação e no uso de lentes de contato depende de um conjunto de fatores. A prescrição médica e o acompanhamento do oftalmologista constituem-se nos elementos primordiais deste processo. “Em seguida, destaca-se a adesão do paciente ao tratamento. Em geral, os pacientes que adaptam lentes para recobrir irregularidades ou opacidades corneais são atentos e exigem orientações precisas, antes e durante a adaptação para não verem frustradas suas expectativas quanto ao resultado final”, diz Fernanda Takay.

Durante o processo de adaptação às lentes de contato, o oftalmologista deve ser minucioso nas instruções fornecidas ao paciente sobre limpeza, conservação e troca das lentes. Além de fornecer as orientações necessárias, deve certificar-se da perfeita compreensão do paciente e, em cada consulta, verificar seu conhecimento e conduta, assegurando a adesão às recomendações e a prevenção de complicações.

Recomendações importantes

A seguir, listamos recomendações da equipe do IMO em relação ao uso de lentes de contato cosméticas ou não:

- Não adquira lentes de contato sem consulta e acompanhamento médico do oftalmologista;
- Exames complementares como a topografia corneana e o teste de função lacrimal são indispensáveis para o período de adaptação da lente de contato;
- Não use medicamentos juntamente com as lentes de contato, sem a prescrição do oftalmologista;
- Visite periodicamente o oftalmologista para avaliar as lentes;
- Não mergulhe ou nade sem a proteção de óculos específicos para a prática de esportes aquáticos;
- O uso de óculos escuros sobre as lentes de contato não é obrigatório, mas pode trazer mais conforto durante o uso em ambientes muito claros;
- Devido ao alto risco de contaminação, deve-se evitar o uso de lentes em saunas;
- O uso de lentes em aviões deve ser evitado em função do ressecamento causado pelo ar condicionado e pela baixa umidade.

Fonte: MW Consultoria de Comunicação
Autor: Márcia Wirth
Revisão e edição: Jaqueline Crestani

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