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Luiz Eduardo Barretto Filho, ministro do Turismo
   
     
 


23/01/2010

Luiz Eduardo Barretto Filho, ministro do Turismo
"O motor do turismo é a classe média, não a Copa"

Foto: Roberto Castro/Ag. istoé
O setor do turismo vive um momento de glória, com o crescimento de 15% no ano passado e uma expansão semelhante prevista para este ano. A escolha do Brasil como sede da Copa do Mundo, em 2014, e da Olimpíada, em 2016, deve atrair milhões de turistas estrangeiros durante os eventos e nos anos seguintes. Mas o grande mercado, na avaliação do ministro do Turismo, Luiz Eduardo Barretto Filho, está dentro do Brasil e nos países vizinhos. Ele ainda vê muitas oportunidades de negócios com a nova classe média, que passou a viajar e engrossar o mercado de turismo local. "O governo vai fazer os investimentos em infraestrutura, e o setor privado vai aproveitar as oportunidades. O turismo representa apenas 2,6% do PIB. Podemos crescer bastante", afirmou Barretto Filho à DINHEIRO. O setor hoteleiro já está se mexendo: estão em andamento investimentos da ordem de R$ 10,9 bilhões para a construção de 230 novos hotéis no País. Confira, a seguir, a entrevista.

DINHEIRO - O Brasil bateu no ano passado o recorde de passageiros em voos domésticos, com 50,5 milhões até novembro. Não houve crise nesse setor?

LUIZ EDUARDO BARRETTO FILHO - Tivemos um crescimento em torno de 15% em 2009. Isso mostra uma imensa vitalidade do setor, especialmente no mercado interno. Aconteceu no turismo o mesmo que em outros setores da economia: o mercado interno salvou o ano. Numa economia que cresce menos de 1%, ter um setor que cresceu 15% mostra um grande potencial. Com Copa e Olimpíada isso só tende a crescer no longo prazo. Em outros países, o turismo aumentou 15% no ano seguinte ao evento.

DINHEIRO - E qual a expectativa para este ano?

BARRETTO FILHO - Manter este crescimento. Estamos consolidando o mercado de consumo de massas no turismo também. Há pesquisas que mostram um crescimento de 83% no número de pessoas que estão viajando pelo Brasil. Em 2007, 32% dos pesquisados haviam feito pelo menos uma viagem nos últimos dois anos. Em 2009 este número havia subido para 58%. A nova classe média que surgiu nos últimos anos passou a consumir também turismo. O grande desafio do setor é ter produtos para este novo consumidor. Quem se preparar para isto vai ter vantagens muito fortes.

DINHEIRO - O novo consumidor demanda um produto diferente?

BARRETTO FILHO - É preciso fazer mais pesquisas de hábitos culturais, mas é evidente que este turista busca preço, pacotes econômicos, demanda mais serviço. Como não é um viajante experiente, ele necessita de agente de viagens, de roteiros integrados. Existe um campo enorme para esta nova classe média. Sem desprezar o viajante tradicional, que continua viajando e com renda maior deve viajar ainda mais. De maneira geral, o turismo brasileiro melhorou muito. Houve muitos investimentos em infraestrutura turística. Desde 2003, foram cerca de R$ 5 bilhões de investimentos. Estou muito otimista. Melhorou muito também a imagem do Brasil. É muito difícil o turismo ir bem se a imagem do país não está boa. Hoje nós temos um grande garoto-propaganda, que é o presidente Lula. É forte a imagem do Brasil e o turismo só tem a ganhar com isso.

"Antes dos jogos de 2016 no Rio, o Brasil terá 230 novos hotéis"
Foto: AP Photo/Silvia Izquierdo
Rio de Janeiro, sede dos Jogos de 2016

DINHEIRO - O que está puxando o setor? Viagens de lazer ou de negócios?

BARRETTO FILHO - Os dois. O Brasil está se consolidando no segmento de negócios, é hoje o grande hub da América Latina. Qualquer empresa do mundo que queira trabalhar o mercado latino-americano sabe que o Brasil é a porta de entrada. O Brasil é o hoje o sétimo país em turismo de eventos. São Paulo é a 12ª cidade do mundo, à frente de Nova York. O aumento dos investimentos vai significar também um aumento do turismo de lazer. Não é só o segmento sol e praia, que é o carrochefe. Temos crescido no ecoturismo, na região amazônica. O turismo esportivo também está crescendo e deve crescer muito nos próximos anos por causa da Olimpíada. O segmento de luxo é um segmento importante.

 

DINHEIRO - Qual é o volume de investimentos esperado para os próximos anos em função da Copa e da Olimpíada?

BARRETTO FILHO - Há R$ 10,9 bilhões em projetos privados que já começaram e que vão resultar em 230 novos hotéis em todo o País até 2015. Todas as grandes redes estrangeiras estão investindo no Brasil. A Accor, por exemplo, está investindo muito. A perspectiva é ter 30 novos hotéis Ibis nos próximos anos. Tem o grupo Meliá, os portugueses com o grupo Pestana e o Vila Galé. Há ainda negociações em andamento com os americanos, Hilton e Sheraton. Há grandes perspectivas não só para a área de lazer como para a área de business, em que São Paulo é a porta de entrada. O governo vai fazer os investimentos em infraestrutura, e o setor privado vai aproveitar as oportunidades que serão geradas especialmente com a Copa do Mundo e a Olimpíada. O turismo ainda representa uma parcela pequena do PIB, apenas 2,6%. Podemos crescer bastante. É o quinto item na pauta de exportações, quase US$ 6 bilhões. Podemos crescer mais

Sobre os investimentos privados e estatais

DINHEIRO - Como?

BARRETTO FILHO - Precisamos aproveitar para interagir mais com a América do Sul. França e Espanha, os dois países que mais recebem turistas no mundo, com 80 milhões e 60 milhões por ano respectivamente, têm mais de 80% de seus visitantes vindos de outros países europeus, por terra. Em todo o mundo, 70% das viagens são de até quatro horas. Por isso, temos que estreitar as nossas relações com a América do Sul e aproveitar o grande mercado interno brasileiro. Poucos países no mundo têm quase 100 milhões de potenciais consumidores. Aumentamos em 20% os recursos da Embratur para fazer campanha no mercado sul-americano. Em 2010, a Embratur terá seu orçamento ampliado em 60%, já com atividades voltadas à Copa do Mundo.

DINHEIRO - O dólar caiu 25% em 2009, o que torna o País mais caro para estrangeiros. Qual é o efeito no turismo?

BARRETTO FILHO - O que vale para outras indústrias exportadoras vale também para o turismo: tem que aumentar sua competitividade, sua produtividade. Se o dólar estiver muito baixo torna o produto Brasil caro em relação aos seus concorrentes.

O Caribe e o México ficam mais baratos. No médio prazo, o Brasil tem todas as condições de competitividade. É natural que os brasileiros viajem para fora, é bom isso. Se o Brasil quer ser uma grande potência, também vai ser emissor de turismo. As companhias aéreas internacionais têm aumentado o número de voos para o Brasil e, claro, buscam uma via de mão dupla. Quanto mais competição, quanto mais empresas, mais o preço baixa. No ano passado houve muita competição e o preço caiu. Quem ganha com isso é o consumidor.

Sobre o efeito cambial e a competitividade do setor

DINHEIRO - O turista estrangeiro ainda se assusta com a violência no Brasil?

BARRETTO FILHO - Fizemos uma pesquisa com turistas que estiveram aqui e mais de 90% dizem que querem voltar. Está se consolidando no Exterior uma visão mais diversificada do Brasil. Não é mais aquela visão estereotipada só do País do Carnaval, do Rio de Janeiro. O que queremos reforçar, e que já existe, é uma visão mais ampla: de um País que tem uma Embraer, uma AmBev, uma Petrobras, que disputa mercado, que tem empresas multinacionais. Essa ideia da diversidade cultural também começa a aparecer. Nós já vencemos a ideia do exotismo, que limitava a venda do Brasil lá fora.

Foto: Rubens Chaves/AG. ISTO é

"Brasília e São Paulo já estão com os aeroportos totalmente lotados"

Aeroporto de Congonhas

 

DINHEIRO - Já definiram que imagem o Brasil vai projetar para a Copa?

BARRETTO FILHO - Estamos trabalhando nisso. E será nessa linha da diversidade, um país com várias portas de entrada, praia, pantanal, cidades históricas, Rio de Janeiro, São Paulo, e um país com povo muito hospitaleiro. O que precisamos fazer é qualificá-lo melhor

DINHEIRO - No Brasil, pouca gente fala uma língua estrangeira. O que vai ser feito para mudar isso?

BARRETTO FILHO - Precisamos melhorar a qualidade do nosso receptivo e o tema da língua é importante. Já iniciamos um treinamento. Vamos trabalhar com até 310 mil trabalhadores do turismo até 2014 não só com o inglês, mas também com o espanhol e outras qualificações. Bares e restaurantes, receptivo da área cultural, receptivo de feiras, hotelaria, taxistas. É um plano que já começou com 80 mil e vai avançar nos próximos anos. O brasileiro é tão hospitaleiro que, se dermos uma ferramenta de qualificação, ele vai ficar ainda melhor

DINHEIRO - A Copa será em várias cidades, mas a Olimpíada é concentrada no Rio de Janeiro. Vai ter leito suficiente na cidade do Rio para receber os turistas?

BARRETTO FILHO - Vamos ter o Hotel Nacional, que foi leiloado com sucesso. O Méridien deve voltar a funcionar. O Hotel Glória está retomando um grande projeto. Há vários investimentos, a revitalização da área portuária. O BNDES tem uma linha de R$ 1 bilhão para hotelaria, com o melhor juro do mercado e prazo de 20 anos para pagamento. Temos mais R$ 8 bilhões para melhorar o transporte público nessas cidades, com financiamento do BNDES, de até R$ 400 milhões, para cada cidadesede investir nas arenas esportivas. A hotelaria brasileira vai ter condições que nunca teve nos últimos anos a partir dessa nova linha de crédito.

DINHEIRO - Os aeroportos estão preparados para receber esse fluxo ampliado de turistas?

BARRETTO FILHO - Os aeroportos são o nosso maior desafio para 2014. Especialmente em São Paulo e Brasília, que já estão com toda a capacidade ocupada. Já o Galeão ainda tem 50% de ociosidade.

DINHEIRO - E isso vai ser resolvido?

BARRETTO FILHO - Tenho certeza. O ministro (da Justiça) Nelson Jobim tem se empenhado. Nós vencemos este ano um grande desafio, os aeroportos funcionaram.

Fonte: ISTOÉ Dinheiro
Autor: Denize Bacoccina
Revisão e edição: de responsabilidade da fonte

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