Pelo menos 650 mil famílias abdicaram de tratamentos médicos, por dificuldades financeiras, mostra o estudo, coordenado por Carlos Morgado.
“Em média, as famílias gastam 1700 euros por ano, sendo os principais responsáveis por essas despesas os tratamentos dentários e oftalmológicos. Em média, os gastos de saúde representam um quinto do orçamento familiar”, refere.
Quem mais sofre são os agregados de mais baixos rendimentos, os que integram doentes crónicos e as famílias monoparentais com menores – neste caso, os gastos com a saúde absorvem 40% das receitas.
Certa de metade das famílias, revela ainda o inquérito, já sentiu necessidade de recorrer a um empréstimo para pagar as despesas de saúde.
Os resultados deste estudo podem ser consultados na revista Teste Saúde, de Fevereiro.
Resultados impressionam ERS
A realidade revelada pelo estudo da Deco impressiona a Entidade Reguladora da Saúde (ERS), que há muito tem identificadas as especialidades acesso mais difícil.
Álvaro Almeida reconhece que os tratamentos dentários são dos que mais pesam na carteira dos portugueses e afirma que este estudo “dá um contributo importante na medida em que nos permite ter uma ideia da dimensão do problema, que é significativa”.
“É um número suficientemente importante para nos continuar a preocupar”, acrescenta o responsável da ERS.
Face aos números da DECO, o antigo ministro da Saúde critica o financiamento do Serviço Nacional de Saúde, conforme está consagrado pelo Orçamento de Estado. Paulo Mendo considera que o actual modelo é injusto e está esgotado.