Enquanto torcem por nova prorrogação do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) reduzido para os produtos da chamada linha branca (geladeiras, fogões, máquinas de lavar e tanquinhos), que termina neste domingo (31) os grandes varejistas brasileiros já planejam prolongar as promoções e manter preços mais baratos enquanto durarem os estoques.

 

 

O IPI reduzido foi uma estratégia do governo anunciada em abril do ano passado para minimizar os efeitos da crise financeira internacional sobre a economia brasileira. Desde então, já foi renovada duas vezes, em junho e em outubro do ano passado. 
 

De acordo com empresas e entidades consultadas pelo G1, as grandes redes defendem e até negociam diretamente com o governo para que o imposto menor seja mantido para esse tipo de produto, já que a medida tem se refletido em vendas maiores desde a sua instituição.

 

Técnicos do Ministério da Fazenda confirmam que representantes do setor de eletrodomésticos já se reuniram com integrantes da equipe econômica e pediram uma nova prorrogação do benefício. Entretanto, informam que nada teria sido decidido até o momento.

 

De acordo com o Carrefour, a intenção da rede é manter os preços reduzidos dos produtos de linha branca até o fim dos estoques, que em média duram 40 dias. "A rede acredita que a prorrogação da medida continuará beneficiando os diversos elos da cadeia de consumo – clientes, indústria e varejo", informou o grupo francês em comunicado.

 

Estratégia semelhante à do Grupo Pão de Açúcar, que detém as varejistas Casas Bahia e Ponto Frio, prepara uma série de ofertas e promoções de produtos de linha branca pela internet e nas lojas do Extra e do Ponto Frio a serem realizadas "ao longo da semana".

 

Em nota, o grupo diz que a medida impulsionou as vendas da companhia. "Só em janeiro de 2010, as vendas de linha branca no Grupo cresceram 35% se comparado com o mesmo mês de 2009."

 

O Wal Mart também afirma que irá manter os preços menores até o fim dos estoques, mas não informou em quanto tempo isso deve ocorrer.

  

 

A redução do Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI) para os produtos da linha branca foi anunciada pelo governo federal em 17 de abril do ano passado, em meio à crise financeira internacional que reduziu o ritmo da atividade econômica e diminuiu o consumo por parte da população.

 

Com menos impostos, a intenção foi de manter os patamares de consumo da população, ou evitar quedas maiores, e preservar o nível de emprego. 
 

Na última vez, os produtos com baixo consumo de energia foram beneficiados com alíquotas menores. Segundo dados da Receita Federal, a desoneração custou, ao todo, R$ 511 milhões aos cofres públicos. 

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, deverá se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante viagem a Davos (Suíça), onde participam do Fórum Econômico Mundial, para debater a questão.

 

 

Quem planeja comprar um refrigerador novo, no entanto, precisa ficar atento: os estoques desse produto estão mais baixos por causa do verão e, se o governo decidir retirar o benefício, os preços devem subir mais rapidamente que os outros.

 

De acordo com o gerente de negócios da Ricardo Eletro, Samuel Faria, a entrega de refrigeradores pela indústria já tem sido menor do que a procura do mercado. "Os itens de refrigeração são considerados críticos hoje no mercado, porque no verão tem vendas entre 20% a 35% maiores do que no resto do ano", diz Faria.

 

" A indústria tem entregado menos do que exige a demanda nesta época, que é duplamente influenciada pela redução do IPI e pelo calor", ressaltou Faria.